Paulo em Jerusalém
Paulo chegou em Jerusalém mais ou menos em junho, 59 d.C., 20:16. Foi a quinta visita que se registra depois da sua conversão. No decurso deste período, sua mensagem tinha alcançado muitos gentios para a fé cristã, e por causa disto, era odiado pelos judeus descrentes.
Depois de ter passado quase uma semana em Jerusalém cumprindo seus votos no Templo, certos judeus o reconheceram. Começaram a gritar, e dentro de um instante, a turba estava por cima de Paulo como uma matilha de cães. Os soldados romanos apareceram em cena em tempo para salvá-lo de ser morto às pancadas.
Na escada do castelo romano, o mesmo onde Pilatos condenara Jesus à morte 28 anos antes dele, Paulo, com permissão do comandante, fez um discurso à turba, contando como Cristo lhe aparecera no caminho para Damasco. Escutaram até que mencionou a palavra “gentios”, e então a turba se enfureceu contra ele.
No dia seguinte, os oficiais romanos trouxeram Paulo perante o Sinédrio, para descobrir o que os judeus tinham contra ele. Foi o mesmo concílio que entregou Cristo para ser crucificado; o mesmo Concílio do qual Paulo fora membro; o mesmo Concílio que apedrejara Estêvão, e que repetidos esforços fizera para esmagar a Igreja. Paulo correu perigo de ser despedaçado ali, e os soldados o retiraram, levando-o de volta ao castelo.
Na noite seguinte, lá no castelo, o Senhor se revelou a Paulo, assegurando-lhe que protegeria seu caminho até Roma, 23:11.
Em Éfeso, foi combinado que Paulo iria a Roma depois desta visita a Jerusalém, 19:21, mas, depois destes acontecimentos, Paulo nem teria certeza de sair vivo de Jerusalém. Agora, Paulo estava com absoluta certeza, pois o próprio Deus prometera que faria a viagem.
No dia seguinte, os judeus enredaram outra cilada contra Paulo. Fervia a fúria popular. Tornou-se necessário preparar uma escolta excepcional de 70 cavaleiros, 200 soldados e 200 lanceiros para tirar Paulo de Jerusalém, e mesmo assim, na escuridão da noite, 23:23,24.
A Prisão de Paulo em Cesaréia, descrita nos capítulos 24, 25 e 26, ocorreu no verão de 59 ao outono de 61 d.C.. Cesaréia fora o lugar onde 20 anos antes Pedro recebera na igreja o primeiro gentio, Cornélio, oficial do exército romano.
Lucas esteve com Paulo em Cesaréia. Esta é a única visita de Lucas a Jerusalém de que se tem notícia.
Paulo perante Félix, 24:1-27. Todas as acusações foram contestadas, vejamos: Era “uma peste”, acusação muito vaga; “promotor de sedições entre os judeus”, absolutamente falso, porque Paulo invariavelmente ensinava obediência ao governo; “tentara profanar o templo”, levando lá Trófimo, 21:29, o que não fez; “principal agitador dos nazarenos”, o que ele reconheceu e que não era contra nenhuma lei, judaica ou romana.
Félix casara-se com uma judia, estava familiarizado com as praxes judaicas e conhecia algo a respeito de Cristo. Estava profundamente impressionado e mandou chamar Paulo para que lhe explicasse mais o Evangelho, com o que ficou aterrorizado. Sua ambição e cobiça, porém, 24:26, impediu-o que aceitasse Cristo ou soltasse Paulo.
Paulo perante Festo, 25:1-12. Festo foi nomeado sucessor de Félix em 60 d.C. Sendo acusado perante Festo e vendo Paulo que este se propunha a agradar aos judeus, e que não havia esperança de que lhe fizessem justiça, Paulo anunciou ousadamente a Festo que estava pronto a morrer se merecesse a morte, e apelou para César, o que como cidadão romano tinha o direito de fazer. Diante disto, Festo nada pôde fazer senão anuir à apelação.
Naquele tempo o César era Nero, bruto e desumano. Paulo, porém, sabia que, se deixasse o seu caso com Festo, seria devolvido ao sinédrio judaico, o que significaria condenação certa. Sendo assim, escolheu Nero. Além disso, queria ir a Roma.
Paulo perante Agripa, 25:13 - 26:32. O discurso de Paulo perante Agripa e o outro em Atenas são, geralmente, considerados dois dos mais soberbos exemplos de oratória da literatura. São ambos muito breves, simples resumo do que ele deve ter dito, porque é difícil crer que, num e noutro caso, Paulo falasse menos de uma hora.
Esse Agripa era Herodes Agripa II, filho de Herodes Agripa I, que, 16 anos antes, matara Tiago, o irmão de João, 12:2; era neto de Herodes Antipas que matara João Batista e escarnecera de Jesus, e bisneto de Herodes, o Grande, que trucidara os meninos de Belém, ao tempo de nascimento de Cristo. Sua capital era Cesaréia de Filipe, próxima do cenário da transfiguração de Jesus, 30 anos antes.
Agripa, cuja família estivera tão intimamente relacionada com toda a história de Cristo, naturalmente estava curioso por ouvir um homem do calibre de Paulo, que tanta excitação causara entre as nações a respeito de uma pessoa que sua própria família houvera condenado.
A única discordância que Festo pôde ver entre Paulo e seus acusadores era que aquele pensava ainda estar vivo Jesus, ao passo que os acusadores O julgavam morto, 25:19. A grande pompa que Festo arranjou para a ocasião era o testemunho da personalidade dominante de Paulo, porque certamente um preso comum não provocaria tal exibição de esplendor real.
Após ouvi-lo, o rei, o governador e Berenice, concluíram que Paulo nada fez que fosse digno de morte. Então o rei Agripa disse a Festo: “Este homem bem podia ser solto, se não tivesse apelado para César”, 26:31,32.
A Previdência Divina. A maldade humana é controlada pela soberania divina. Os judeus desejavam que Paulo fosse transferido de Cesaréia para Jerusalém. Se Festo tivesse atendido às exigências dos judeus, talvez o Novo Testamento não contasse com Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemom.
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